21 de junho de 2011


A volta do Papai

Ele não tem o ar professoral, não usa ternos, não utiliza neologismos nas entrevistas. Pelo contrário. Faz o estilo boleiro, usa sempre o agasalho da equipe que comanda e solta pérolas irresistíveis em suas coletivas. Pois Papai Joel está de volta. Bom para o mundo da bola. Mas Joel Santana não é só isso. Ainda hoje, a figura caricata do treinador atrapalha as avaliações sobre seu verdadeiro potencial como técnico de futebol. Mas Joel tem qualidade. É inegável.

Lembre-se de 2010. De um combalido e goleado Botafogo após os humilhantes 6 a 0 para o Vasco, fez do time limitado um campeão após três anos de sina diante do rival Flamengo. Fez a festa da torcida, foi homenageado. No Brasileiro, Joel até conseguiria alçar voos mais altos caso tivesse em mãos mais, digamos, matéria-prima qualificada. O sexto lugar na tabela foi um prêmio ao esforço de Papai Joel. Entre idas e vindas, lá estava ele com sorrisos e pérolas.

Joel, porém, é vítima de um preconceito. O estilo bonachão, a alcunha de papai e a velha prancheta o fazem ser vítima do deboche. Não? Pois lembre-se do funk com o inglês de Joel Santana enquanto ele comandava a África do Sul. Engraçado, sem dúvida. Mas com o claro objetivo de desqualificar a figura de Joel Santana. Pouco importava se ele estava lá dando a cara à tapa, tentando se comunicar em inglês ou se sua equipe tivesse feito jogos duríssimos contra Brasil e Espanha na Copa das Confederações.

Fosse Joel Santana acostumado a dar tapas no braço e dizer "isso aqui é trabalho!", usasse ternos de alta etiqueta e concedesse entrevistas com ar professoral provavelmente seria mais conceituado pelos famosos especialistas. Mas Joel não é. Sabe falar grosso, mas também fala manso. Sorri e fica emburrado. De volta aos holofotes no Cruzeiro, Papai Joel terá boa missão, mas com ótimas peças nas mãos. Talvez a fama de retranqueiro e o preconceito fiquem por terra. É bom, sim, ter um personagem como Papai Joel de volta ao futebol brasileiro. Dentro e fora de campo.

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