6 de junho de 2011



Uma só despedida


Ídolo e jogador entraram em campo juntos. Seria apenas mais uma vez de tantas outras. Mas era a última. A nação que tanto o reverenciou estava lá, pronta para recebê-lo. Abraçado às filhas, faixa de capitão no braço esquerdo, camisa com número 43 e seu nome às costas de todos, ele respirou fundo, subiu os degraus e entrou em campo. É o Pet.

Da arquibancada, a torcida que o tornou ídolo o recebeu com o carinho de sempre. Com dentes trincados, ele viu seu nome surgir desenhado em um mosaico primeiro com as cores da Sérvia e, depois, rubro-negro. Emocionado, com a mão direita no peito e o punho esquerdo cerrado, no alto, ele agradeceu. Faltava pouco.

A bola rolou ao sair dos seus pés. Lá no alto, os gritos de “Fica!” nem pareciam mexer com ele. Aos 38 anos, o jogador não é mais o mesmo. Mas o ídolo mantém a classe de sempre. Em uma jogada, lança para Ronaldinho com categoria. Aplausos. Em outra, dá linda enfiada de bola para Wanderley. Peito apertado.

E no roteiro, claro, haveria uma falta. Na arquibancada, a lembrança. 27 de maio de 2001. O dia em que o jogador se transformou em ídolo. Mas Pet apenas acompanhou a bola de Renato entrar no ângulo. Como um menino, ele explodiu pela última vez. É o Pet. É, Pet. Chegara a hora.

Emocionado e reverenciado, o meia deu sua última volta olímpica, recebeu aplausos, abraços, placa. Então, jogador e ídolo se separaram. O primeiro, sim, se despediu. O segundo? Permanece.



Crédito da foto: Lancepress/Paulo Sergio

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