7 de junho de 2011


A boa e válida polêmica

Impulsionada pelo adeus fenomenal, a polêmica voltou com tudo. Mas, afinal, quem foi melhor: Romário ou Ronaldo? Ao contrário de tantas outras comparações sem sentido como Messi x Maradona ou Pelé, essa encontra um fundamento interessante. Ambos jogaram juntos na Seleção, cada um foi ícone de uma Copa conquistada pelo Brasil, brilharam na Europa e marcaram gerações. Mas como fazer para sair de cima do muro?

Não é fácil, mas, sem trocadilhos, a balança pesa para um lado. Romário fez 1.002 gols na carreira. Ronaldo tem a metade, cerca de 500. Romário era tecnicamente completo, a Ronaldo faltava o cabeceio. O Baixinho marcou pela genialidade, a técnica. Ronaldo, apesar de também ser muito técnico, se notabilizou muito pelas arrancadas, força física. Na bola e no campo, sem dúvidas Romário foi mais jogador do que Ronaldo. Era mais genial. Basta assistir aos melhores lances de cada um para ter certeza disso. Mas por quê muitos insistem em pôr Ronaldo acima do Baixinho? Fácil entender.

Ronaldo surgiu exatamente no instante em que o futebol se tornava um show business. Além de brilhante em campo, o artilheiro foi e é um fenômeno do marketing. As declarações em sua grande maioria são oportunas, agradáveis, dando afago a quem merece. Ronaldo foi instruído para ser assim, além de, claro, ter um dom natural para o negócio. Portanto, a benevolência com o Fenômeno foi maior em toda a carreira. Enquanto Romário foi sumariamente cortado da Copa seguinte à que foi o grande astro, Ronaldo foi tratado a pão de ló para se recuperar e brilhar em 2002. O lado fenomenal e midiático de Ronaldo é facilmente explicado por ser um atleta de superação. O eterno camisa 9 da Seleção tomou para si a imagem de fênix da bola, aquele que ressurge quando menos se espera. Justo e perfeito para um personagem que sabe trabalhar como poucos a sua imagem.

Romário, por sua vez, sempre foi contestador. Não tinha papas na língua, provocava adversário, dava declarações nada politicamente corretas e nunca foi simpático ao show business da bola. E pagou por isso. Embora na Seleção Brasileira o Baixinho não tenha derrota marcante, ao contrário de Ronaldo nas Copas de 98 e 2006, o Herói do Tetra disputou apenas uma Copa do Mundo de fato. E a venceu como ícone de talento . Ronaldo com tuda sua benevolência disputou, de fato, três Copas e pegou elencos mais técnicos. Até mesmo em 2002 ele dividiu o bastão com Rivaldo e Ronaldinho.

Romário decidiu deixar o futebol após o milésimo gol. Ronaldo foi deixado por ele pouco depois do gol 500. Para a geração atual, é fácil dizer que Ronaldo foi maior e comprar o que é vendido por grande parte. Mas vale o debate. Romário nunca jogou em São Paulo e para muitos paulistas está abaixo de Ronaldo. O Fenômeno nunca jogou no Rio e para muitos cariocas está abaixo de Romário. Faz parte do jogo. Mas se você acompanhou a carreira de ambos com atenção, não vai mesmo ter dúvidas de sacramentar: pelos números e pela bola, Romário foi mais do que Ronaldo dentro dos gramados.

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