27 de maio de 2016



Há 15 anos

Há quem não tenha fechado a boca até hoje. Há quem ainda prenda a respiração. Há quem ainda torça para a bola não entrar. Há quem diga que já sabia que ela iria, sim, entrar. Há quem esteja paralisado, incrédulo, até agora. Há quem agradeça sempre pelo gol de Petkovic naquele fim de tarde no Maracanã, em 21 de maio de 2001. Mas não há um fã de futebol que não reconheça que o esporte apresentou toda sua magia ali, em cores vivas, no chute certeiro do sérvio aos 43 minutos do segundo tempo diante do Vasco. Às vezes, bastam pouco mais de dois segundos, o tempo em que a bola sente o golpe da chuteira direita de Petkovic até raspar nos dedos esquerdos de Helton, centímetros abaixo da baliza superior esquerda do gol vascaíno. Há como construir idolatria. Há como se fazer História, com H maiúsculo.

O tempo passou e ainda assim há quem duvide de que aquele lance foi obra dos deuses da bola. Há, acredite, quem duvide inclusive dos próprios deuses da bola. Há poucos momentos históricos no mundo da bola como o realizado por Petkovic. Por diversos ângulos, em diferentes momentos, o gol do tricampeonato carioca do Flamengo em 2001, há diversas interpretações. Há entre o trajeto da bola e o urro da arquibancada sempre uma história, uma curiosidade. Há um choro. Há uma reza. Há quem estava no Maracanã e agora não saiba dizer onde, de fato, estava. Há quem não esteve e jure de pés juntos sentava na arquibancada e ainda sussurou o gol, baixinho, para si mesmo.

Há gol que nunca acabe na alegria imensa do torcedor rubro-negro ou no desgosto profundo do torcedor vascaíno. Dejan Petkovic era até ali mais um estrangeiro com a camisa do Flamengo. Mas resolveu, então, tomar emprestada a alma de Zico aos 43 minutos do segundo tempo e cravar com letras garrafais seu nome, ou melhor, seu apelido, Pet, simples como uma nação, na história do clube. Há, ainda, quem duvide que o autor de tamanho feito possa ser ídolo. Tolice.

O gol de Petkovic naquela tarde carioca mudou rumos, escreveu novos caminhos e virou símbolo para uma geração. Há quem acredite que Fabiano Eller não cometeu falta em Edilson. Há quem diga que a falta foi clara. Há quem diga que foi sorte. Há quem diga que foi destino. Mas o que há, é o fato de que o universo rubro-negra ganhou um de seus mais épicos capítulos com a velocidade com que a bola de Petkovic alcançou o gol vascaíno, sacramentando o tri. Há, sim, quem duvide disso. Mas não há, mesmo, como duvidar. Pois a magia do futebol foi exibida com imagens claras a milhões de espectadores, estivessem no Maracanã ou não. Há 15 anos.