23 de junho de 2011


O desabrochar de um craque

O jeito moleque já foi confundido com molecagens no passado. Não sem razão. O mesmo rosto que traz um fácil sorriso, de garoto, já também abrigou um bico sem tamanho a ponto de contrariar seu técnico, um superior, pelo desejo de cobrar um pênalti. Mas Neymar evoluiu. E como. De promessa a craque da primeira Libertadores santista após o reinado de Pelé. Não parece e não é mesmo pouco para um jovem de 19 anos. Pronto para conquistar o mundo da bola. Como todo talento nato, Neymar é precoce e já tem currículo e bola que veterano nunca terá. Em vez de despertar a raiva do adversário, incita a admiração, o queixo caído quando trata a bola com intimidade que poucos conseguem no tapete verde. É atração à parte.

Bendito seja o futebol brasileiro que concebe frutos dessa natureza de estações em estações. Pois justamente quando suas últimas grandes dádivas dão adeus, como Ronaldo, ou já se preparam para figurar apenas no imaginário dos torcedores, como Ronaldinho e Kaká, que o projeto de craque aparece. Neymar tem, sim, tudo para ser o novo herdeiro dessa safra que encanta o mundo desde que o futebol é futebol. Ainda não é gênio, mas tem tudo para ser. Ainda não é mito, mas poderá ser. É um craque que povoa a mente do torcedor não com o que já fez. A excitação gira, sim, em torno do que ele poderá ainda fazer pela frente.

Quem vem para marcar história geralmente aparece no cenário de maneira precoce. Nos dribles mágicos, nos chutes certeiros, no dom para vencer. Foi assim com Romário no início de Vasco. Ronaldo fez o mesmo no Cruzeiro. Ronaldinho deu o ar da graça em um Gre-Nal, além de um golaço de placa pela Seleção. Neymar também parece ser assim desde o início. O trato com a bola é diferenciado. Não a trata apenas como um instrumento da profissão.

É alegria, é graça. Com a leveza que só os craques têm, Neymar a carrega entre os adversários. sem pedir licença, como se ela, a pelota, estivesse seduzida pelo balé de seus pés. E não para. Já venceu Paulista, Copa do Brasil, Libertadores. Todos como protagonista. Tudo com apenas 19 anos. Por isso, senhores, aproveitem. A Libertadores provou, mesmo, que diante de seus olhos ocorre aquele fenômeno raro: o desabrochar de um craque.

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