10 de junho de 2011


Quando a raquete toca o coração

Antes dele nenhuma raquete havia tocado o coração brasileiro de maneira tão intensa. Pois Gustavo Kuerten, o Guga, começou em 97 a trilhar o caminho em direção ao peito dessa brava gente. De repente, tínhamos um campeão de Grand Slam. Incrível. Valia a pena, sim, prestar atenção naquele rapaz de cabelos encaracolados, nem um pouco organizados, camisa viva de cores e que surfava com habilidade ímpar no saibro.

Três anos depois, em 2000, Guga arrebatava mais gente para as telas de tv. Alunos matavam aulas para assistir às incríveis paralelas daquele brasileiro, donas de casa prestavam atenção no novo herói do esporte nacional, tão carente de um ídolo que levantasse a bandeira por aí. Como Senna fez nas manhãs de domingo, Guga acostumou-se a nos presentear em decisões de torneios e, mais ainda, a cultivar o coração dos brasileiros.

Pois é difícil achar alguém que ouse falar mal daquele craque da raquete que conseguiu alcançar, vejam só, o posto de número um do mundo. E lá no topo da carreira, ao bater monstros sagrados como Agassi e Sampras, teve o carinho de agradecer à sua gente, à mãe, aos irmãos, à avó e ao técnico que gostava como se fosse um pai. É a humildade arrebatadora de Gustavo Kuerten, o Guga, conquistando o mundo.

Há dez anos, há exatíssimos dez anos, Guga nos brindava com uma das maiores alegrias que o esporte brasileiro já pôde conhecer. De novo, lá estavam os alunos matando aulas para assistir à sua performance, as donas de casa estavam em frente à tv e os executivos consultavam na internet, ponto a ponto, a trajetória daquele brasileiro de sorriso fácil e humildade gigantesca. Guga, há dez anos, foi tricampeão de Roland Garros.

Talvez ele nem saiba ao certo, mas uma década depois há quem ainda chore só de pensar no coração desenhado no chão do saibro após vitória histórica sobre Michael Russell. Ou, ainda, quem deixe a lágrima escorrer ao relembrar a cena em que ele, pela terceira vez, ergueu o troféu do torneio francês. No país da bola, Guga arrebatou multidões em frente à tv com uma bolinha. Um herói nacional, por natureza. Dez anos depois, vale dizer: obrigado, Guga. A raquete tocou o coração.

Um comentário:

Victor Anjos disse...

lindas palavras... araquete dele não tocou somente o saibro de roland garros, tocou o coração de todos nós...