10 de junho de 2011


A dificuldade de uma entressafra

Se você tem cerca de 20 anos deve estar estranhando a fase da Seleção Brasileira. Muitos nomes novos, nem tão badalados mundialmente. Título mundial? Nas duas últimas Copas nem mesmo estivemos entre os quatro melhores. É um quadro curioso e, sim, talvez preocupante. Não é mesmo fácil lidar com uma entressafra. Olhe para os maiores times atuais. O Barcelona é comandado por um argentino e dois espanhois. O badalado Real Madrid é reduto português de Mourinho e Cristiano Ronaldo. O Manchester tem Rooney, um inglês, e Chicharito, um mexicano. Nenhum protagonista é brasileiro.

E então você, por volta dos 20 anos, pega as revistas de cinco anos trás. Ronaldo era ícone no Real Madrid. Ronaldinho encantava o mundo no Barcelona. Kaká era endeusado no Milan. Hoje, o futebol brasileiro se depara com um papel que não lhe agrada: ser coadjuvante. Os grandes destaques do futebol nacional estão mesmo na defesa. Thiago Silva no Milan. David Luiz no Chelsea. Marcelo no Real Madrid. Julio Cesar e Lúcio na Inter. Robinho faz o papel ao qual foi relegado desde que aterrisou na Europa e é coadjuvante de Milan. Pato é uma aposta, mas ainda sem a convicção.

Mano Menezes necessita dar cara a essa Seleção, identificar os jogadores com o público. Não depende só dele, claro. Em breve, Paulo Henrique Ganso, Lucas e, principalmente, Neymar deverão rumar à Europa. Lá serão testados e também cobrados para assumir os tronos deixados vagos por Ronaldo, Kaká e Ronaldinho, o que, naturalmente, não acontece de um dia para o outro. O problema é faltar apenas três anos para 2014, o ano onde a Copa volta a ser sediada neste país tropical.

Pela frente, uma Espanha campeã do mundo e com uma geração ainda com fôlego para defender seu título. Uma Alemanha já madura, unindo plástica e eficiência no jogo, com Schweinsteiger, aos 30 anos e duas semifinais de Copa no currículo, ciente do que será necessário. A tarefa não é fácil. Morto, o futebol brasileiro não está, como questionado pela revista inglesa "Four Four Two". O difícil, mesmo, é lidar com a entressafra.

Nenhum comentário: