25 de junho de 2011


O que basta ao craque

Conte nos dedos quantos jogadores podemos chamar de craque no futebol brasileiro atualmente. Talvez quatro. Neymar é o nome da moda. Paulo Henrique Ganso, com boa vontade, vai no embalo. Juninho Pernambucano ainda nem reestreou pelo Vasco. E, claro, Ronaldinho. Criticado por saídas à noite durante a última semana, pela má fase técnica em campo e por ter deixado o futebol genial em outros tempos, o camisa 10 rubro-negro deu apenas 20 minutos de graça nesta noite no Engenhão. Foi o suficiente para o time virar uma partida e bater o adversário com uma goleada de 4 a 1. De virada. Com direito a golaço. De quem? Do craque.

Ronaldinho em sua essência vive em um mundo da bola tão superior aos demais que bastam, sim, esses poucos minutos para que ele vire o tom de uma partida. Craque é assim. O torcedor rubro-negro talvez o tenha xingado a semana toda, deu indícios de que poderia deixar de apoiá-lo, mas não. Diante do Atlético-MG certamente sentou-se em frente à tv ou na arqubancada do Engenhão na esperança de que Ronaldinho aparecesse. Talvez um golaço. Talvez uma jogada magistral. Talvez a referência na partida. E deu sorte.

Claro, o time rubro-negro ainda conta com muitos defeitos. Os coadjuvantes de outrora, como Eto´o e Iniesta, não estão mais ao lado. A defesa consegue titubear. A escalação, por vezes, parece errada. Mas no fundo, no peito do torcedor, sempre há a esperança de que o craque repetirá ali na sua frente os lances eternizados nos vídeos na internet. Ronaldinho não foi o do Barcelona diante do Galo. Verdade. Mas fez um golaço que só os poucos que entendem de futebol conseguiriam fazer. De repente, até fez menção a não comemorar o feito, com um bico para a arquibancada. Mas o craque é, acima de tudo, inteligente. E lá foi o camisa 10 se redimir com a torcida que tanto o criticara durante a semana. A partir daí, a união fez, sim, a força.

Ronaldinho mudou em um mesmo jogo. Estava solto. Deu uma ou duas arrancadas. Passou por um, por dois. Deu toques de efeito. Olhou para um lado e lançou para o outro. Parece que Ronaldo Assis Moreira também sempre espera que Ronaldinho, o craque, irá aparecer. Contra o Atlético-MG, ainda que por minutos, ele realmente apareceu. Por isso, vale ter paciência com o craque. Apesar de tudo, a ponta de esperança da vitória, do gol, da jogada de tirar o fôlego, reside nele. Ronaldinho é bem pago por isso. É cobrado por isso. Há uma cartilha que ele deve seguir como profissional. Mas assim como qualquer um, ele tem sua vida pessoal. Dentro dos gramados, é craque. Dota o jogo da mágica necessária para hipnotizar os olhos e vencer jogos. É o que basta.

Um comentário:

Mariana Perim disse...

Por um momento, agradeço por ainda existir gente sensata que sabe separar a vida pessoal das quatro linhas. Chega de jornalismo esportivo à lá Ego.