29 de junho de 2011


Fla de Luxa: um candidato nem luxo nem lixo

O mundo da bola gira mesmo com incrível facilidade. Bastaram duas rodadas e o Flamengo de Luxemburgo saiu da crise para ter 13 pontos, estar invicto, entre os quatro primeiros da tabela e com Ronaldinho jogando bem, artilheiro do campeonato. Mundo perfeito? Longe disso. O Fla de Luxa não é nem luxo e nem lixo. Por enquanto, como diz Muricy Ramalho, o Flamengo precisa ainda de trabalho. Mas, claro, há pontos positivos nesse início de Brasileirão rubro-negro. Afinal, nenhum time chega ao final de junho com apenas uma derrota no currículo. É notável. E o time se aperfeiçoa com as críticas, rodada após rodada. Basta saber se não será uma chuva de verão.

A partida contra o América-MG evidenciou o que está na boca do povo: o Flamengo precisa de reforços, urgentes, para a zaga. Welinton apresenta sempre graves problemas técnicos, como na partida de hoje, e Angelim, apesar de ainda ter qualidade, já não tem mais o mesmo vigor para suportar a maratona de jogos às quartas e aos domingos. Airton estrará em breve, mas não é solução para atuar como zagueiro. Deve ser o mesmo de 2009, ao lado de Willians, para fechar a frente da zaga como um cão de guarda. Enquanto isso, o time fica sujeito a trovoadas como as corridas na primeira etapa. Um jogo dominado, com vantagem no placar e, em dois apagões, a noite quase termina mal.

Vanderlei Luxemburgo tem lá suas teimosias, os volantes continuam expostos, a movimentação do meio de campo por vezes demora a acertar. Mas é fato que vem mexendo bem na equipe e lhe deu um padrão tático, goste o torcedor ou não. Nos dois últimos jogos, a entrada de Negueba, com velocidade, deu novo panorama ao jogo. Mas, claro, tudo se define no talento. Não tivesse Ronaldinho mais uma bela noite e o tom poderia ser diferente. É exatamente nisso em que o Flamengo deve apostar no Brasileiro: na sua técnica. Difícil ter um time com qualidade do meio para frente com gente do quilate de Ronaldinho, um craque, e Thiago Neves, ótimo jogador. A bola gira de um lado para o outro, de pé em pé, cansando o adversário, há uma cobrança de falta na rede, outra finalização no fim da partida é certeira. Como aconteceu hoje.

E há, sim, boas opções no banco de reservas. Bottinelli é uma delas. Com bons passe e chute é importante em partidas como a disputada diante do Coelho. Deivid mais uma vez marcou presença e a substituição por Diego Maurício foi importante. Luxa abriu a zaga adversário, com Drogbinha de um lado, Negueba do outro e Ronaldinho, vejam só, centralizado. Funcionou. Com um a mais, o Flamengo passou a tocar bola, envolver o adversário e abrir a defesa. Após o segundo gol, o tento da vitória nasceu também por ali, com Bottinelli enxergando Ronaldinho no meio. O camisa 10, então deu sua dose de talento na finalização.

Este é o Flamengo no Campeonato Brasileiro. Um candidato a título, com boas peças e que pode e deve melhorar com o passar das rodadas. Basta manter a pegada rodada após rodada e reconhecer que ainda há falhas a serem consertadas. A competição é longa, os percalços também. Luxa é macaco velho nos pontos corridos e sabe muito bem disso. Ajustar é preciso. Reforços ainda são necessários. Mas ainda sem isso o time precisa vencer, como parece ter aprendido neste Campeonato Brasileiro. O Fla de Luxa é, sim, candidato ao título brasileiro. Mas por enquanto não é luxo e nem lixo.

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