27 de maio de 2011


O momento de um Gigante

O momento se apresentou à caravela cruzmaltina. Há anos muitos vascaínos sonhavam com o momento que o bravo time dirigido por Ricardo Gomes conquistou ao bater o Avaí em Florianópolis. Praticamente nenhum vascaíno duvidou da grandeza do clube em momentos difíceis. Praticamente nenhum deixou de amá-lo mesmo em momentos que não condiziam com uma história tão bonita. Pois, senhores, o Gigante da Colina ensaia de verdade a volta aos bons tempos. Pois vejamos.

O clube parece mais estruturado do que antes. Roberto Dinamite pode até não ser um grande político. Na verdade nem é. Mas simplesmente sua figura, com o sorriso que traz o orgulho de glórias vividas com a camisa 10 cruzmaltina, consegue mostrar o bons ventos que apontam a bússola vascaína para uma reestruturação. Após o furacão vivido no início do ano com a irregularidade de Carlos Alberto e PC Gusmão, o Vasco voltou a ter consciência de sua grandeza. Entre os quatro clubes semifinalistas da Copa do Brasil era o mais tradicional, o de maior torcida, um verdadeiro Gigante, como diz o apelido. E fez jus a isso.

Os vascaínos hoje sabem que podem ser campeões não pelo simples fato de estar em uma final. Já estiveram em algumas desde a última vez que uma taça de Primeira Divisão foi erguida, em 2003. Mas agora é diferente. Há algo no ar. A esperança passa de pai para filho ou até mesmo de filho para pai. O pequeno explode em alegria com a chance de ver o time, enfim, Gigante como sempre lhe contaram. O patriarca tenta conter o ar que invade o peito como nos velhos tempos de Juninho, Pedrinho, Edmundo e inúmeras conquistas. Por anos, distintas gerações de vascaínos sonharam com este momento. Ele se apresentou. Cabe ao Vasco, agora, honrar sua história e voltar a ser o Gigante pela própria natureza.

23 de maio de 2011


Aviso prévio

Foi como um aviso prévio. Eliminado do Campeonato Carioca e da Copa do Brasil precocemente, o Botafogo teve um mês para repensar o futuro. À primeira vista, apareceu Ricardinho, recém-dispensado do Atlético-MG, no horizonte. Nada feito. O Botafogo merecia mais, muito mais. De repente, Maicosuel voltou aos gramados e marcou um golaço contra o Friburguense, em amistoso. Os problemas se resolveriam. E, quem sabe, o clube buscaria Seedorf, no Milan. Aos 35 anos, o meia ainda exibe qualidade no passe e faria barulho em General Severiano. Então, os 30 dias se passaram....e nada.

O aviso prévio acabou na estreia no Campeonato Brasilero. Sem Loco Abreu e Herrera, suspensos, e até mesmo sem o sonho chamado Seedorf, o Botafogo tornou-se presa fácil para o Palmeiras. Acuado, sem saída de bola, sem possibilidade. Sofrível. A atuação do time alvinegro acendeu a luz vermelha já na primeira rodada do Brasileiro. Caso queira disputar alguma coisa na competição e não passar sufoco, será necessário mais. Muito mais. Em vez de sonhar com craques do futebol europeu, a diretoria alvinegra deveria se prender à realidade.

Para o time se tornar de fato competitivo pelo menos seis reforços deveriam chegar ao clube. Basta lembrar, também, que o clube provavelmente perderá Jefferson e Loco Abreu, seus pilares, durante a disputa da Copa América. O Botafogo parece ter dormido no ponto. Agora, acordado após o baque da primeira rodada, deve lamentar o mês que ficou para trás sem novidade alguma.

21 de maio de 2011


Essência de craque


Quantas vezes você já ouviu a frase "Ronaldinho não vai ser mais o mesmo dos tempos de Barcelona"? Inúmeras, aposto. É um lugar-comum, o paraíso da obviedade. Pois Ronaldinho, hoje, diante do Avaí, não foi o mesmo da época do Barcelona e ainda assim encantou a todos. Qual o motivo? A essência do craque ainda está nas pernas daquele que veste a camisa 10 rubro-negra hoje. O meia-atacante não tem mais os 25 anos da época em que foi considerado o melhor do mundo e, por isso, tenta se adaptar para fazer a diferença.

O pensamento rápido, a qualidade no passe, no lançamento, na batida da bola....tudo ainda está ali. Ronaldinho sabe disso. Ele pega a bola, pensa e lança. Aí, a desvantagem é alheia. Pois a pelota não caiu mais nos pés de Eto´o. Deu, sim, de encontro com as canelas de Wanderley. Mas há dias em que tudo dá certo. Foi o caso de hoje, contra o Avaí.

Com dez minutos de jogo, o camisa 10 do Flamengo lançou três bolas geniais. Elas não deram em nada. E daí? Seria questão de tempo. Ronaldinho conhece os atalhos da bola como poucos já conheceram na história do futebol. Encantou o mundo com seu sorriso e suas jogadas mágicas que deixaram estupefatos torcedores no Camp Nou, onde ainda é lenda. E isso ninguém esquece. De repente, ele recebeu a bola. Puxou com carinho com o pé direito, deu dois tapas, o cabelo esvoaçante e o olhar afiado para o canto direito do gol, onde a bola adormeceu.

Sorriso de garoto no rosto, Ronaldinho virou e chamou todos os companheiros. Que viessem. Que apreciassem. Que comemorassem. A essência do craque ainda está ali e deu mais amostras em Macaé. Passes, dribles, tabelas. E Ronaldinho tenta se reinventar no futebol brasileiro, se adaptar às limitações que não conhecia com 25 anos, mas já impostas pelo corpo de um homem de 31. À sua nova maneira, com lançamentos e passes precisos aliados à inteligência, Ronaldinho pode, sim, fazer a diferença. Afinal, a essência de craque continua ali.

Crédito da foto: Alexandre Vidal/FlaImagem

Inversão de valores

Nem bem a bola rolou no Campeonato Brasileiro e já é possível ouvir de comentaristas e torcedores: "É a segunda chance de ir à Libertadores!". Difícil compreender e duro de aceitar que a cultura da vaga ganha força no futebol brasileiro. Não? Pois relembre as últimas edições do Campeonato Brasileiro desde o início da era de pontos corridos, em 2003. Com o passar dos anos, muitos grandes clubes enxergaram na vaga para a Libertadores a tábua de salvação da temporada.

O time não venceu nenhum dos três ou quatro campeonatos que disputou, mas no próximo ano estará na Libertadores. Está a salvo. Bobagem. Entre em uma banca de jornais e peça o primeiro guia do Brasileiro que estiver à vista. Abra. Observe clube por clube. Algum deles está mais cotado por ter conseguido, nos últimos anos, cinco vagas na Libertadores?

Acho que não. O que vale na brincadeira chamada futebol é, sim, o título. A torcida deve ser, sempre, pelo caneco. É o troféu que eleva o status do clube, gera ainda mais patrocínios, renda no estádios e gozações aos torcedores adversários. Pois é pobre o torcedor que brinca com o adversário por ter conseguido uma vaga na Libertadores. A nova geração de torcedores, a do PlayStation, deve entender que uma simples vaga em competição internacional não é motivo algum para se vangloriar. A brincadeira sempre foi pelo título, pela faixa de campeão. Não esta completa inversão de valores.

20 de maio de 2011


Fora de hora

Está certo, ninguém tem nada a ver com a vida pessoal dos craques. Desde que estejam no treino, entrem em campo e cumpram seu serviço não há o problema. Mas, convenhamos, Ronaldinho extrapolou a linha ao aterrisar em Buenos Aires para participar de um programa de dança. Sim, vá lá que o camisa 10 do Flamengo não tenha nem dado uma sambadinha, apenas feito algumas embaixadas para argentino ver, mas a exposição pública foi desnecessária. Pois vejamos.

Uma semana antes, o Flamengo fora eliminado da Copa do Brasil, considerada a principal competição do clube no primeiro semestre. Sim, após cinco jogos terríveis, Ronaldinho jogou bem, teve uma das melhores atuações do ano. Mas o time não avançou e parou diante do Ceará, clube que talvez tenha a folha salarial comparada ao contra-cheque do Dentuço. O craque, portanto, está devendo. Ele tem, sim, o seu direito de aparecer em um programa de televisão.

Mas em outro país, após um longo e exaustivo dia de treinamento integral e com mais um treino horas depois? Quem viaja de avião sabe do cansaço que isso proporciona. Mas o grande problema foi mesmo a exposição. Digamos que R10 não jogue bem diante do Avaí, na estreia no Brasileiro? Ronaldinho chamou o holofote para ele, mas fora de campo. Fora de hora.