27 de setembro de 2011


Fla não deve deixar o bonde passar

Pergunte nas esquinas qual o craque do Campeonato Brasileiro até agora. Dificilmente nas respostas o nome de Ronaldinho não será mencionado. As belas jogadas, os gols, o fino trato da bola e o carisma dos dentes salientes ainda encantam o mundo. Mesmo na Seleção Brasileira, o veterano é cercado por fãs em busca de autógrafos, fotos ou um sorriso. Seu nome é gritado com insistência. Em seu camisa 10, o Flamengo tem um craque capaz de proporcionar uma retomada do clube na escala dos gigantes e alcançar patamar internacional. A possibilidade de marcar uma era recheada por conquistas dentro e fora de campo e arrebatar ainda mais torcedores, ampliando a vantagem nacional. Falta o clube rubro-negro acordar para isso.

Em 95, o Flamengo teve em suas mãos o então melhor jogador do mundo. Até hoje, Romário, à época no Barcelona, é reverenciado como a maior contratação do futebol nacional. Aos 28 anos, o Baixinho chegou à Gávea para o centenário do clube. Uma nova era se aproximava. Um pool de empresas havia ajudado na contratação e o marketing alçaria o Flamengo a uma das maiores potências do mundo dos negócios do futebol. Mas as teorias não corresponderam à realidade. Em campo, Romário sobrava como sempre. Até hoje mantém a melhor média de gols da história do clube. Eram gols, belas jogadas, mas...apenas um título estadual e, vá lá, uma Copa Mercosul foram conquistados com a ajuda do atacante. As vendas das camisas 11, aliás, explodiram. Mas foi só. Não houve ações de marketing efetivas para valorizar a imagem do clube no embalo de Romário.

O tempo passou, o Herói do Tetra ficou mais lento dentro de campo, o apelo de sua imagem diminuiu e, pasmem, ele chegou mesmo a grandes conquistas pelo arquirrival Vasco. A chance de ouro batera à porta do Flamengo e o clube insistiu em não perceber. O projeto com Romário era grandioso dentro e fora das quatro linhas. A geração do Baixinho no Fla poderia ter sido marcada por conquistas como Brasileiro, Libertadores, Mundial, recorde de bilheterias, venda de produtos licenciados. À altura do craque. Nada. Agora, novamente o cavalo encilhado bate à porta do Rubro-Negro.

A imagem de Ronaldinho é mundialmente mais midiática do que foi a de Romário. Em campo, o camisa 10 desfila talento ainda com 31 anos, mas por vezes parece uma só andorinha. Quase nove meses após sua chegada, quase nenhum produto de R10 foi licenciado. Nem um boneco para os torcedores. Em campo, o clube foi campeão estadual e já observa o título brasileiro escorrer pelos dedos. Muito pouco para quem tem um Ronaldinho. É hora de o clube rubro-negro acordar. Antes que o ímpeto do craque diminua em campo com a idade. Antes que sua volta ao Brasil não seja mais tão impactante. Antes que o bonde R10 passe à sua frente como passou o de Romário.

2 comentários:

Mariana Perim disse...

Apesar de ler sempre, "nem tão sempre" comento por aqui. O que me motivou foi o seu (permita-me) desabafo no twitter. Como por lá não dá pra estender muito o assunto, tanto por falta de espaço quanto por falta de bom senso, vim pra cá.
Dá pra entender a sua revolta claramente. Quem não é capaz, apresenta total clubismo. Vi pessoas dizendo que você "tá muito torcedor". Digo sem medo de errar: você é um dos mais lúcidos que já vi falar sobre o Flamengo atualmente, Pedro. Não só sobre o clube, mas sobre o Brasileiro em geral. Eu, que sou mera estudante de Jornalismo, percebo quão SUJO o meio tem se tornado. É de dar pena. Não desanima, tem muita gente que precisa (e gosta) de "te ler". Abraços! :)

Pedro Henrique Torre disse...

Obrigado pelas palavras, Mariana. Com certeza são motivadoras. Desabafo foi brabo, mas tem hora que não dá para segurar, ainda mais sabendo como funciona tudo por dentro. Se sou cobrado para ser isento durante o exercício jornalístico, o cidadão que narra o jogo também deve ser. É demais aturar aquilo....Abraços.