5 de setembro de 2011


Bonde em xeque

Algo parece ter saído dos trilhos no Ninho do Urubu. Não só pelas últimas atuações desastrosas da equipe no Campeonato Brasileiro. É de se estranhar o tom das, digamos, conversas públicas depois da derrota para o Bahia. Angelim dispara a favor de Welinton, barrado por Luxemburgo. Talvez sem perceber, atropelou Gustavo sem dó nem piedade. Minutos depois, o técnico dispara ao ser perguntado se o time jogou mal: "Mal, não. Foi péssimo. Péssimo!". Curioso. O badalado Bonde sem freio que embalou no Brasileiro capitaneado por Ronaldinho parece estar em choque com si mesmo. Seis partidas sem vitórias. Três pontos em 18 disputados. Mas, afinal, há algo de podre no Reino do Ninho do Urubu? Talvez.

Não só a crise de flatulência que, de acordo com rádios e sites, foi o estopim para uma discussão entre o treinador e comandados. Ingênuo acreditar que uma brincadeira infeliz como essa, tão comum em ambiente boleiro, seria suficiente para tirar o Bonde dos trilhos. O fato é que por motivos de campo ou extracampo, o Flamengo está perdido no Brasileiro. Pior, sem reação. Não é apenas a ausência de Airton que tornou a defesa tão desprotegida. O Fla das últimas rodadas parece não vibrar tanto para vencer uma partida como se acostumou a fazer nos bons momentos do primeiro turno. Está confuso mesmo com Ronaldinho, seu craque, em campo. Um desperdício. Difícil entender a vocação rubro-negra para a autogênese das crises. Mas em alguma esquina do Ninho do Urubu algum episódio sempre se apresenta para ameaçar a caminhada da equipe nos trilhos.

Em 2009, Adriano alegou ter pisado em lâmpada e desfalcou o time contra o Corinthians na penúltima rodada. A campanha do hexa poderia ter se desestabilizado. Mas foi contornada. Impossível dizer se agora o Fla terá a mínima tranquilidade para bater o Timão no Pacaembu, na quinta, e voltar com força máxima para a disputa do título. Diante do quadro, a tendência é mesmo de que os rubro-negros fiquem pelo caminho uma vez e vejam na Terra da Garoa o título ficar ainda mais distante. Mais uma vez, o Flamengo parece brigar com si. Os rivais, de longe, agradecem por ver tamanho gigante tropeçando nas próprias pernas, ainda mais com um gênio do quilate de Ronaldinho em boa fase. O Bonde está em choque. Mas também em xeque.

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