3 de setembro de 2011


Felipão: ame-o ou deixe-o

O estilo general e a cara de rabugento podem dar a Luiz Felipe Scolari o ar de ultrapassado. Para muitos, não deveria mais estar ali. A época já passou. Mas ele resiste. Agasalho verde à beira do gramado, Felipão faz caras e bocas, berra pelo Palmeiras e defende o clube com unhas e dentes. Provavelmente um dos primeiros argumentos contrários ao técnico será "ele ganha muito para isso". Para treinar o Alviverde imponente, sim, Felipão recebe um pomposo salário. Além do currículo para justificá-lo, o trabalho com o limitado elenco que tem em mãos é bom desde 2010. Mas Felipão vai além das fronteiras de técnico.

Scolari veste sempre a camisa do clube ou seleção que comanda. Foi feroz com a Seleção Brasileira em 2002 e quase saiu literalmente no tapa no comando de Portugal. Em clubes, não é diferente. Compra briga com empresários, dirigentes e até jogador se for necessário para defender os interesses do clube. No Palmeiras é assim. Chia, resmunga e por muitas vezes sai até do tom. Mas o técnico parece mesmo uma fera selvagem em defesa da cria. Que ninguém tente debochar do Palmeiras, pois ele dará a resposta. Fez isso com Lincoln, ex-jogador do Verdão e hoje no Avaí. A resposta foi curta e grossa, à la Scolari. E lembrou ao apoiador que o Palmeiras paga parte do seu salário. Alma do torcedor lavada.

Luiz Felipe Scolari não tem mais necessidade de ficar na batalha campal do dia a dia do futebol. Está consagrado em seleções e clubes. É respeitado e se faz respeitar quando necessário. Volta e meia, como na última semana, declara estar de saco cheio. Pode até estar. Mas difícil vê-lo abandonando o futebol assim, de repente. Felipão gosta da peleja e tem seu jeito próprio. Resmunga, faz careta e passa até dos limites ao partir para cima de um fotógrafo que o tenta registrar sob suspensão. Mas pouco teriam paciência para lidar com o vaivém infantil dos bastidores políticos do Palmeiras e com a limitação da equipe. Scolari ainda tem. Aos poucos, leva o Verdão a um papel digno. Entre bravatas e competência, defende a torcida alviverde. Este é Felipão. Este será sempre Felipão. E não mudará. Ame-o ou deixe-o.

Nenhum comentário: