7 de setembro de 2011


A nova Estrela Solitária

Difícil não prestar atenção neste Botafogo que brilha intensamente no Campeonato Brasileiro. Está leve, livre, muito solto dentro de campo. A sorte sorri ao time, à torcida. Tudo parece dar certo. Mas nem parece, mesmo, o Botafogo de outros tempos. E nem faz tanto tempo assim. Mais do que um time, era um clube que sentia-se inferiorizado com erros de arbitragem. Ganhou apelido de chororô no épico episódio da Taça Guanabara de 2008 contra o Flamengo. Tinha certeza de que era perseguido. A mudança passou por um nome: Maurício Assumpção. Discreto, de fala pausada e sem o ar pedante que costuma cercar os cartolas brasileiros, ele assumiu o Botafogo e lhe deu outra cara.

O processo, claro, não seria fácil e muito menos rápido. Lá se vão quase três anos desde que a atual gestão assumiu o Glorioso. Maurício Assumpção soube se portar. Por mais que tenha sido prejudicado por arbitragens como qualquer outro clube, o Botafogo deixou de espernear, dar chiliques ou protagonizar o chororô. Maurício preferiu a discrição. Fez os alvinegros se conscientizarem de que o clube é maior do que erros de arbitragem. Bastaria um trabalho bem feito. Nada das bravatas da época de Bebeto de Freitas, que deixavam os nervos dos corredores de General Severiano a mil. Maurício Assumpção é político, soube se aproximar da CBF sem desgastar a imagem, a ponto de ser chefe de delegação de um amistoso da Seleção Brasileira. Simultaneamente, estruturou o departamento de futebol. E reformulou o time.

Nem mesmo mais uma derrota para o Flamengo, em 2009, o desanimou. Um ano depois trouxe Loco Abreu, deu garra uruguaia ao time e força necessária para derrubar o algoz rubro-negro no Estadual. No Brasileiro, campanha digna. Neste ano, o Botafogo causou desconfianças. Mas Maurício Assumpção, sempre calmo, avisou que teria time para disputar o título brasileiro. Muitos, incluído aí este blog, desconfiaram das palavras de Assumpção. Mais uma vez, ele mostrou ser diferente. Em silêncio, trouxe Renato, do Sevilla. Na queda de braço com o Fluminense e seu cofre, levou Elkeson. Em momento de incerteza, segurou Caio Júnior no comando. Hoje, o Botafogo brilha e o time joga o fino. Está, sim, na briga pelo título após muitos anos. É mais um degrau. Graças a Maurício Assumpção, a Estrela Solitária tem outra cara.

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