23 de setembro de 2011

Precisam-se de Locos

Ser ídolo no futebol é para poucos. Muitos tentam, com e sem os pés. Dentro e fora de campo. Mas não basta. Tem de ter espírito. O dom. Nascer com ele. Sebastián Abreu é assim. Excêntrico por si só, foi logo tachado de Loco no início da carreira. Nasceu, então, Loco Abreu. Muitos o acusam de ser caneleiro, fanfarrão. Às vezes até é. Mas o camisa 13 do Botafogo é muito mais do que isso. Loco nasceu para ser ídolo. Parece ter sido talhado para tal personagem. Com seu estilo irreverente e sua sina de decisivo, ganha mais admiradores, alvinegros ou não.

Não são apenas gols, belos dribles e títulos que tornam um jogador de futebol um ídolo de verdade. É a maneira como se porta, a presença nos momentos decisivos, a capacidade de capitanear a mudança no espírito de um clube. Loco Abreu, no Botafogo, é assim. Esqueçam aquele Alvinegro do chororô de 2008. O uruguaio da camisa 13 jamais permitiria algo assim. Pelo contrário. Ele provoca o rival e faz o gol com cavadinha, pondo fim ao jejum em finais. Lava a alma do botafoguense. Em campo, luta como muitos, consegue ser decisivo como poucos. Aprendeu rapidamente a língua falada em General Severiano. Coisa de Loco.

Diante do Grêmio, no Olímpico, mais uma vez foi assim. Loco Abreu gritou, chiou, esperneou, reclamou e chutou. Foi a Estrela Solitária encarnada, decidiu o jogo num facho de luz, rumo à estrada dos louros. Não é pouco. O Botafogo hoje tem Elkeson, Renato, Cortês, Jefferson. Mas ninguém entende tanto a torcida, o espírito do clube como Loco Abreu. Em um futebol tão vazio em declarações, provocações sadias, lá está o Loco para mostrar o porquê de ter luz própria. Garante que chegou ao clube para vencer o arquirrival Flamengo. Dias depois, marcou gol nos rubro-negros. E não ficou por aí. Cruzou os braços, posou para as câmeras e debochou da comemoração tradicional do ícone do rival, Ronaldinho Gaúcho. Não é mesmo pouco. Sorte do Botafogo. Que bom seria se o futebol tivesse mais personagens como esse. Precisam-se de mais Locos.

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