9 de agosto de 2011


Triste episódio

Sim, Fred até poderia jogar pelo Fluminense sem sobressaltos, sem alimentar a polêmica. Mas optou por ficar fora, por combater e chamar a atenção para um fato grave. Ele alega ser perseguido, vigiado em momento de folga. Episódio simbólico. Atitude corajosa. Sim, o camisa 9 tricolor não é exemplo de profissionalismo, ainda mais por custar tão alto e viver às voltas com lesões no departamento médico. Cada atleta, no entanto, deve saber os seus limites e ser cobrado pela diretoria do seu clube. Apenas. Não por torcedores, não por imprensa. Fred, em horário de folga, é um cidadão como qualquer um de nós. Pode beber, se assim quiser, e arcará com as consequências. Mas não pode perder o seu direito de ir e vir, a sua liberdade. Isso não.

Sim, Fred tem parcela de culpa na questão. Enquanto o Fluminense sofria a duras penas para manter a liderança do Campeonato Brasileiro em 2010, o atacante passava o tempo no departamento médico. No fim do ano, posou para uma coluna de celebridades de um jornal carioca. Sorriu, fez graça, portou-se como uma celebridade. Natural que o torcedor tricolor fique descontente com tal postura. Mas Fred, neste ano, tem jogado. Bem ou mal, faz parte do futebol. Mas está em campo, veste a camisa do Fluminense e o time acabara de vencer a última rodada por 4 a 0. Veio, então, a perseguição. A ameaça. Um jogador assustado.

Levianos apontam que em clube grande a pressão é normal. Pressão, sim. Ameaças, perseguições, não. Não importa o número de caipissaquês (ou caipi-saquês?) que o atacante tenha consumido. É com ele, problemas apenas dele, não mais do que dele. Grave, sim, é Fred ser perseguido em um bar. Como se fosse um bandido, refém de próprios adoradores do clube que ele defende. Difícil, portanto, questionar a decisão de Fred de não jogar. Assim como é temeroso fazer piadas sobre a questão e atirar toda a culpa sobre o atacante. Não. O errado, neste caso, está do outro lado. Perseguições, ameaças e observar a vida pessoal de qualquer um são atitudes deploráveis de uma sociedade cada vez mais vigiada por câmeras, celulares e redes sociais. Sim, Fred já errou. Mas não neste caso. Triste episódio.

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