2 de agosto de 2011


Nada é para agora

Você já deve ter ouvido nos bares, no ônibus ou no trabalho. Ronaldinho já fez por merecer para voltar à Seleção Brasileira. A mesma velocidade com que foi descartado para vestir a camisa amarelinha foi usada para sacramentar: o craque é novamente a salvação para o decepcionante time de Mano Menezes. Paulo Henrique Ganso, o jovem detentor da 10, ainda não tem maturidade para o posto, dizem. Será mesmo que Ronaldinho já merece figurar entre os convocados da CBF? Ainda não. É momento justamente de ter calma. Sem pressa.

Ronaldinho voltou ao Brasil com a justificativa de que tinha saudades do país e gostaria de voltar à Seleção Brasileira para disputar a Copa de 2014 no Maracanã. Sonho válido. Depois de muito demorar a brilhar como nos velhos tempos, o Dentuço está na crista da onda. É manchete dos jornais, vive nova lua de mel com a torcida rubro-negra e em campo vem dando show. Tudo verdade. Mas não há necessidade de levá-lo para a Seleção agora, sem competição importante a ser disputada, sem taça que valha. Talvez em um outro amistoso mais para a frente com a Espanha, atual campeã do mundo, por exemplo.

Ronaldinho não precisa ser testado. Embora viva com a falsa fama de que pouco fez com a camisa amarela, o meia-atacante já teve ótimas exibições quando defendeu a Seleção. Chegou até mesmo a ser brilhante, como na final da Copa das Confederações em 2005, contra a Argentina. Ganhou Copa do Mundo como um dos principais jogadores da equipe. Enfim, está realizado com a camisa amarela. Mas que o seu sorriso, suas arrancadas e sua técnica podem ajudar Mano Menezes, não há dúvidas. E aí mora o perigo.

Criticada e motivo de piada depois da vexatória disputa de pênaltis na Copa América, a Seleção de Mano precisa de alguém para atirar às feras. Ou ser o escudo, como queiram. Convocar Ronaldinho neste momento, com uma Seleção indefinida e ainda perdida, serviria apenas para isso. Colocá-lo na fogueira. Seria repetir o gesto de ter a expectativa, justa diga-se, gerada na época em que era o melhor do mundo pelo Barcelona e camisa 10 na Copa de 2006. Jogue a amarela nele e diga: "Resolva aí!". Desnecessário fazer isso agora.

O ideal, mesmo é deixar a poeira da Seleção abaixar, o time recuperar a autoestima e caso Ronaldinho esteja ainda na crista da onda pelo Flamengo, chamá-lo para completar uma ótima geração de garotos como Neymar, Ganso e Lucas. Ronaldinho poderá ser na Seleção aquele veterano de qualidade, que passa experiência e ensina os atalhos diante dos caminhos difíceis. Futebol, como agora podemos ver de pertinho, ele ainda tem. Natural o veloz clamor pela volta dele a Seleção. Coincidiu. R10 está em alta e o time de Mano, em queda. Mas calma. Não se apressem. Pois nada disso é para agora.

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