A expressão de incredulidade de Paulo Roberto Falcão, já ex-técnico do Internacional, em sua entrevista coletiva após a demissão é comovente. Revela um deus traído e até culpado por ter sido tão ingênuo. Após se acostumar por anos a ser reverenciado, tratado com tapete, literalmente, vermelho, Falcão não esperava que fosse tratado como mais um. Ou, pior, que fosse julgado de maneira até mais severa do que um simples técnico qualquer. Ao entregar-se novamente à paixão colorada, o ídolo esqueceu-se de que era deus.
A poucos quilômetros do Beira-Rio, Renato Gaúcho, o deus gremista, também desceu do Olimpo. Sorriu, sofreu, comemorou, chorou. Mas ainda que tenha deixado o clube, teve o abraço do povo e palavras respeitosas. Falcão, não. Sentia-se confortável, acreditava piamente que seus poderes de deus seriam suficientes para segurá-lo em caso de tempestades no comando do Colorado. Não foram.
Na primeira rajada de vento severa em poucos tempos de trabalho, Falcão olhou para cima. Magoado, não acreditou que fora traído. Por parte de seus antigos súditos. Por comandantes de sua camisa colorada. E, com os olhos marejados, percebeu o que Zico já percebera quase um ano antes. Há um preço para deixar o Olimpo.
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