21 de julho de 2011


O bico na ética

Ética. Está lá no dicionário: conjunto de princípios morais que se devem observar no exercício de uma profissão. Deveria valer para todo o mundo. Menos um em particular. O mundo da bola. Cheio de soberba, boleiros e seus comandantes ignoram essa palavrinha essencial. Pouco vale para eles. O que importa, mesmo, é levar vantagem. Atingir os fins sem se importar com os meios. Uma pena que Fluminense e Kleber tenham dado, mais uma vez, exemplos de como o mundo do futebol sente-se alheio ao restante.

Pouco pareceu importar para a diretoria tricolor que Martinuccio, o argentino que chegou à final da Libertadores pelo Peñarol, tenha assinado um pré-contrato com o Palmeiras. Não vale nem mesmo o que está escrito. Passa-se por cima de leis e palavras como quem troca de camisa no intervalo dos jogos. A paixão do futebol desperta até nas pessoas mais sensatas a debilidade. Há, sim, tricolores defendendo a atitude antiética do clube que se diz tão fidalgo. Como há palmeirenses justificando a injustificável atitude de Kleber diante do Flamengo.

Ética não é regra nem lei. Mas está acima da ambas. Há o consenso, a fidalguia de que o Palmeiras deveria devolver a bola. Em nome da ética. Da honra. Kleber pouco se importou. Acuado contra a parede após as rodadas de negociação com o próprio Flamengo, viu ali, na falta de ética, a porta aberta para se refazer perante os súditos do Gladiador. Pegou a pelota, partiu em direção ao gol rubro-negro e bateu cruzado. Com a bola, foi-se a ética. No coro da torcida alviverde com o nome do atacante, a aprovação da atitude. Na apresentação de Martinuccio pelo Flu, o desprezo aos princípios morais. E, no saldo, um bico na ética.

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