21 de outubro de 2016

Legado rubro-negro

Os pouco mais de 54 mil ingressos esgotados em poucas horas para o retorno do Flamengo ao Maracanã, diante do Corinthians, no domingo, indicam a saudade que a maior torcida do Brasil tinha de embalar o seu time de perto. Mas o período do Flamengo longe do Rio de Janeiro indica ainda mais. Aponta para um legado que o clube rubro-negro certamente irá se orgulhar por anos. A reafirmação, a olhos vistos, da abrangência nacional de sua massa. Não basta saber. Foi preciso senti-la. 

Não que a ocupação além das fronteiras seja grande novidade. A velha máxima de que o Flamengo carrega torcida para onde vai é verdadeira. Mas em 2016 houve diferença. Foram 15 jogos como mandante no Campeonato Brasileiro longe da capital. 11 vitórias, dois empates e duas derrotas. Em nenhum momento o time rubro-negro pôde recorrer ao Maracanã, recolher-se na toca para juntar forças. O sentimento rubro-negro esteve espalhado. E foi testado à exaustão. Exigiu regularidade. Longe do Rio, o Flamengo mostrou força difícil de ser comparada no futebol brasileiro.

Afinal, qual clube manteria uma média de quase 20 mil torcedores por jogo sem disputar uma partida que fosse em casa? Tarefa dura. Pois foi o que o Flamengo fez. 298.667 torcedores pagaram para assistir aos 15 jogos da equipe como mandante no Campeonato Brasileiro. R$ 17,3 milhões foram arrecadados com tamanha paixão. Números que mostram o potencial de alavancar multidões. Não é da boca para fora. O apelido carinhoso de Mais Querido tem sentido. Tem gosto. Tem cheiro. 

Aliado à eficiência técnica. Logo no ano em que foi exilado do Maracanã, o Flamengo arrancou a sua campanha mais sólida na história dos pontos corridos. O fator casa, claro, foi fundamental. De mala e cuia, o time percorreu o Brasil em busca de pontos. E fez de Cariacica, no Espírito Santo, o seu porto seguro. Cinco das 11 vitórias no Campeonato Brasileiro aconteceram nos cinco jogos no Kleber Andrade. Foi o rubro-negro capixaba quem empurrou o time para triunfos no apagar das luzes contra Ponte Preta e Cruzeiro. Onde faltavam pernas ou técnica, veio o sopro da arquibancada. Raça, amor e paixão. 

De tão nacional, o Flamengo se deu ao luxo de invadir um estado que conta com quatro clubes gigantes e, ainda assim, lotar estádio. Em pleno Pacaembu, no coração da capital paulista, mais de 50 mil rubro-negros pagaram para assistir aos jogos diante de Figueirense e Santa Cruz. Numa mesma rodada, os cariocas levaram ao estádio mais torcedores do que o Corinthians, rival na guerra das massas pelas arquibancadas brasileiras. Não é pouco. Foi muito. É, ainda, bem simbólico. 

Em um verdadeiro tour nacional, o Flamengo ainda arrastou torcedores em Brasília e Natal. Verdade que teve Volta Redonda, nos três primeiros jogos, como o porém na caminhada, com pouco mais de 16 mil torcedores somados. Número desprezível diante do que a festa do AeroFla, por duas vezes, promoveu em embarques do elenco. Neste domingo, as arquibancadas rubro-negras do Brasil devolvem o time ao pulsar do Maracanã ainda na briga pelo título. Quatro pontos atrás do Palmeiras a sete rodadas do fim. A casa estará cheia. Pela Nação. Nunca um apelido foi tão autoexplicativo. Que legado. 

Nenhum comentário: