10 de novembro de 2011


O Vasco que contagia

Impossível não se deixar contagiar pelo pulsar de um caldeirão em ebulição com sentimentos guardados há uma década. Mas extravasaram. A cada dia os vascaínos parecem querer mais. Um sentimento como o visto na classificação diante do Universitário não se forja assim, sem mais nem menos. Comunhão rara, de jogadores e torcida, capaz de comover até o mais descrente cruzmaltino. A olhos vistos. Não foram poucos os vascaínos na arquibancada, no bar ou em casa que subiram junto de Dedé e esticaram o pescoço para cabecear a bola rumo ao gol adversário. Êxtase puro. Futebol em sua essência. Aula de honra. Um Vasco que dá gosto.

O atual elenco honra como poucos as raízes do clube. Inverte pensatas estabelecidas na base do suor, da garra. Quem disse que a Sul-Americana não vale nada? Dedé, o Mito, o faz repensar ao pular e cantar ao lado da arquibancada depois da classificação. Juninho, o Reizinho, se joga no chão como um garoto para tentar cruzar a bola e se emociona como na Virada do Século contra o Palmeiras. Impossível não se contagiar com este Vasco. Retrata ao pé da letra que é vida, é história, é primeiro amigo. Faz desconhecidos se abraçarem na arquibancada. Um buzinaço correr pelas ruas. Homem feito chorar como o mais puro dos meninos no gol de Alecsandro. Provoca uma torcida inconsciente até no rival que acompanhava o jogo simplesmente para secar. Impossível não se contagiar com essa atmosfera vascaína.

Em tempos de futebol de resultados, da relação fria com clubes, o renovado Vasco demonstra como é possível jogar por valor à camisa. Um sentimento que não para. Contra o Universitario, o caldeirão vascaíno pulsou como nos velhos tempos. Foi o time da virada. O time do amor. E que amor. A goleada sobre os peruanos foi um dos momentos em que tudo se justifica. A paixão que não para. Os jogos sob chuva. Sob sol infernal. As alegrias. As tristezas. Foi o futebol mais puro, provando o porquê de ser tão apaixonante. Uma festa linda, um sentimento inesquecível. De arrepiar. Um Gigante pela própria natureza. Por resgatar tudo isso em meio a lágrimas, urros de alegria e orgulho de, simplesmente, levar a cruz-de-malta no peito desde que nasceu. É, não há mesmo como não dizer: é impossível não se contagiar por esse Vasco.

Um comentário:

Fernando Torre disse...

Parece desdém de torcedor adversário mas, num futebol brasileiro de qualidade questionável, a começar pela Seleção, sem equipes que se destacam, onde o time do melhor jogador do país está em 10º lugar, as façanhas do Vasco contra os poderosos Aurora e Universitário não me chamam a atenção. Grandes times sim eram o de 97 e 2000, com Edmundo, os então meninos Juninho e Felipe e... Romário. A indigência técnica é tamanha que uma equipe apenas regular, com um, ou no máximo dois grandes jogadores e um técnico interino está assombrando os comentaristas e blogueiros. Releva-se a segundo plano a análise da inocência do Aurora ou o fato do sempre perseguidor de brasileiros Amarilla ter virado o fio, favorecendo os cruzmaltinos ao expulsar Diego ao invés de Dedé, que seria a estrela da noite e caindo na manha de Fágner na segunda expulsão. Dez contra nove, contra um fraquíssimo time peruano, sinceramente, cinco foi pouco, Deveria ter sido oito como da outra vez. Onde estavam a fibra e a técnica cruzmaltinas contra o Inter no Beira Rio,contra o Santos na Vila ou contra Corinthians e São Paulo na Colina histórica? Na minha opinião o Vasco vai pagar caro pela ganância pelos dólares da Conmebol.Nas próximas fases deverá pegar times de maior força e o sonho da "Tríplice Coroa" poderá ir por água abaixo. Lá, como cá. Quem viver, verá.