17 de novembro de 2011


Caio Júnior chamou para si

Dia 5 de novembro. Após derrota inesperada para o Figueirense no Engenhão e uma chuva de críticas da torcida, Caio Júnior se posta em frente ao microfone na sala de imprensa do estádio. Abatido, mas, no fundo, insatisfeito com as críticas que sofrera. Após a tradicional chuva de estatísticas sobre a partida, o treinador não se contém e desabafa. Critica a torcida e até o clube pelos 16 anos sem um título brasileiro e atribui parte da derrota a essa ansiedade pelo fim do jejum. Pronto. Caio Júnior chamara ali, naquele instante, a sua demissão do cargo de técnico alvinegro. Mais uma vez, o treinador falha em um grande time brasileiro. Indigesta rotina.

Seria, sim, mais decente ao Botafogo demitir o técnico apenas após o fim das 38 rodadas. Mas Caio Júnior chamou para si. Inventou escalações, bateu de frente com a torcida em troca de suposições que claramente seriam erradas. Rotulado pelas passagens fracassadas em Palmeiras e Flamengo, voltou do futebol japonês com sorriso no rosto, barba grisalha e ar de quem estava mais maduro para comandar um time ao triunfo. Não está. Perdeu-se novamente em meio a velhos fantasmas em momentos decisivos. Inquieto, passa incerteza ao time e à torcida com a falta de coerência nas escalações partida após partida. Mas o erro fatal, mesmo, foi ter atirado contra os torcedores e aberto a ferida de um jejum brasileiro.

Em que pese o fator de um ano político para a rápida decisão da diretoria alvinegra, Caio Júnior não pode reclamar do que teve no Botafogo. Contou desde o início com o carinho da torcida mesmo sob os olhares de desconfiança dos rivais e da crítica. Ganhou um elenco muito superior ao que Joel Santana teve em 2010. Por tudo isso, o Botafogo esperava muito mais do treinador. Esperava, sim, o título e no mínimo a vaga na Libertadores. Tudo está ameaçado e, em grande parte, devido às constantes dúvidas do técnico com as suas assombrações. Sim, a demissão a três rodadas do fim do Brasileiro foi surpreendente e talvez até precipitada. Mas a torcida do Botafogo merecia mais. O elenco alvinegro podia mais. Caio Júnior não compreendeu isso e preferiu abrir a ferida e escorar-se em jejum e ansiedade dos torcedores. Como quem diz, a culpa é deles, não minha. Convenhamos: no fundo, Caio Júnior chamou a demissão para si.

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