4 de novembro de 2011


O perigoso caminho trilhado por Dinamite

Roberto Dinamite assumiu a presidência do Vasco em meados de 2008. O sorriso simpático, o status de grande ídolo cruzmaltino mudaram a aparência do clube. Mas Roberto queria mais. Logo no primeiro clássico contra o arquirrival Flamengo, sugeriu a Marcio Braga, então presidente rubro-negro, que sentassem juntos para assistir ao primeiro Clássico dos Milhões de sua gestão no Maracanã. Unidos, lado a lado, sem ofensas ou provocações. O mandatário vascaíno argumentou que o gesto simbolizaria não só a paz entre os rivais, mas o início de uma união no futebol carioca. Marcio Braga aceitou a bela sugestão. De lá para cá, não é preciso dizer que os clubes do Rio ressurgiram no cenário nacional com força. Basta observar as campanhas e os títulos. Mas Dinamite, quem diria, parece estar tentado a trilhar outro caminho. Passou a olhar para si e esqueceu, sem mais nem menos, a união pregada em 2008 ao tratar dos clássicos em São Januário.

Que o Vasco tem todo direito de querer jogar em seu belo estádio, ninguém duvida. A maneira como o processo vem sendo conduzido nos últimos dias, no entanto, traz ares euriquistas de volta à Colina. Afinal, o combinado não sai caro. No primeiro turno, com mando de campo de Botafogo e Flamengo, o Vasco jogou no Engenhão. Era a tal união do futebol carioca. Clássicos em um grande estádio, com divisões igualitárias de renda e carga de ingressos para cada clube. Mas o Trem Bala da Colina disparou no Brasileiro. Disputa cabeça a cabeça o campeonato com o Corinthians. O olho vascaíno cresceu. Faz que não lembra o acordo, ignora a palavra dada lá atrás e busca jogar em seu estádio de qualquer maneira. Euriquismo puro. E a torcida, alheia a qualquer tipo de razão, leva faixas e pede os jogos em São Januário. Cenário triste.

Roberto Dinamite deve lembrar que foi eleito justamente para promover novos tempos no Vasco, clube democrático e sensato em suas raízes. O presidente acertou mais do que errou, fez o clube ressurgir de um marasmo cinzento e deu adeus a atitudes truculentas de tempos euriquistas. Ignorar este passado e esquecer o compromisso firmado vai contra o antigo desejo de união pregado logo que a gestão Dinamite chegou ao clube. Não é hora de dar razão a chororôs descabidos de que o Vasco é vítima do preconceito por desejar jogar em seu estádio. Não é. A razão tão bem utilizada por Dinamite ao sentar ao lado de Marcio Braga em um Clássico dos Milhões em 2008 deve servir agora para admitir que, em 2011, há um compromisso firmado. Maurício Assumpção, presidente do Botafogo, lembrou bem ao presidente vascaíno: em relações com pessoas como Roberto, a palavra deve valer mais do que qualquer assinatura. Que assim seja. E em 2012 o Vasco decida ter o apoio da Polícia Militar para mandar seus clássicos em São Januário e seguir no caminho da união do futebol carioca. Afinal, o outro caminho trilhado agora por Dinamite é perigoso. Bobagem maior é seguir em frente nele.

Nenhum comentário: