12 de junho de 2014


O menininho vingou

Não faz muito tempo e um colega de São Paulo contou: em 2005, um menininho de 12 para 13 anos entrou na sala de entrevistas do Morumbi de mãos dadas com o empresário Wagner Ribeiro. Foi apresentado a todos como futuro craque. Nove anos depois, o garoto foi ídolo no Brasil, rumou com sonhos para a Espanha. Estreou na Copa do seu Brasil com o mundo nas costas. E suportou a carga.

Pois se a expectativa já era imensa sobre Neymar antes mesmo do jogo, imagine depois do gol contra de Marcelo. Revés no placar, ansiedade na arquibancada. O garotinho de 2005 mostrou que hoje ainda é garoto. O mundo pressiona suas costas. Ele, intempestivo, larga o cotovelo no pescoço de Modric. Leva cartão amarelo...ameaça decepcionar. Mas não decepciona.

Minutos depois, Oscar avança pelo meio e toca para Neymar. Número 10 às costas, ele serpenteia com as pernas para lá e para cá. Na frente dos indecisos zagueiros bate de canhota. A bola, mascada, sai mansinha, com requintes de crueldade. Maldade com o garoto de 22 anos, inquieto. Mas ela foge das mãos do goleiro, beija a trave e atravessa a linha. Neymar abre os braços, tal e qual um redentor.  O craque projetado, vê grande parte de um peso enorme sair de suas costas.

Copa do Mundo. No Brasil. Ele empata a partida. Mas falta algo. Falta a vitória para afastar fantasmas e lendas. Para começar a traçar linhas que reescrevam a história. Fred desmorona na área croata. Os olhos puxados do árbitro japonês enxergam pênalti. Ali, de novo, toda a pressão no garoto de 22 anos. Neymar cobra, o mundo agora ainda mais pesados às costas, as pernas de chumb. O goleiro toca na bola, mas ela balança a rede. 2 a 1. Dois gols do garoto. Brasil, Copa do Mundo, pressão. Vitória. Alívio. Neymar, o projeto de craque que suportou o peso. O menininho vingou.

Foto: Vipcomm

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