13 de junho de 2014



Ação e reação

Certamente Diego Costa sabia que, tão logo tocasse na bola em seu primeiro jogo pela Espanha na Copa do Mundo do Brasil, as vaias soariam na arquibancada. Escolhas. Eternas bússolas da vida e, também, do futebol. Diego Costa, nascido e criado em Sergipe, no interior do Brasil, tem todo direito de optar pela Espanha. Mas há maneiras e maneiras. Ações e reações. Diego já sabia.

Deco, Pepe e tantos outros brasileiros que tomaram outras pátrias de chuteiras como suas não tiveram tamanha reação. Talvez pela indiferença. Talvez por não ter existido o sentimento de rejeição. Sim. Diego Costa, por questões profissionais, vestiu a camisa vermelha depois de abraçar a verde e amarela. Sente-se bem na Espanha. Tem amigos, é querido. Mas, antes, Diego já fizera uma escolha. Fora convocado por Felipão. Fizera escala no Brasil. Mudou de ideia. Sua atitude fosse regra e a existência das seleções perderia o sentido.

Fossem todos Diego Costa, entre um país e outro, e a razão dos times nacionais se dissiparia. Nasceu no Brasil, joga pelo Brasil e depois escolhe a Espanha. Imagine se Bale decidisse, depois de meia dúzia de partidas pelo País de Gales, envergar a camisa espanhola? Não seria menos galês por isso. Mas teria feito, também, uma escolha. E certamente seria vaiado.

Sim, a Fifa tem sua parcela de culpa. O regulamento permite, diriam os doutores auditores do Superior Tribunal de Justiça Desportiva. Permite. Mas o bom senso, não. Diego, na verdade, tratou a representação de um país como mais uma opção de sua vida profissional, simplesmente. É um caminho a seguir. E legítimo. Mas as escolhas são as bússolas da vida. E, incoerência, o atacante parece sem caminho. Está no meio termo. Entre o Brasil e a Espanha. Diego Costa escolheu, mesmo, um caminho natural: o das vaias. Ação e reação.

Foto: Fifa.com

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