12 de abril de 2012


Reizinho ou plebeu?

De tão forte, o desejo de vê-lo novamente com a camisa cruzmaltina era quase palpável nas arquibancadas e fazia fervilhar a social de São Januário. Parecia se materializar nos gritos recordando o histórico gol no Monumental de Nuñez. De longe, com sua conduta digna dentro e fora de campo, o futebol de classe e as batidas na bola que só os craques compreendem, Juninho fazia suspirar os vascaínos no Brasil. No retorno, poderia ter optado, como tantos outros, por assinar um contrato milionário, fazer exigências, ter caprichos. Mas não. Juninho, o Reizinho da Colina, reassumiu sua coroa em São Januário com simplicidade. Salário minimamente simbólico. Queria provar a si mesmo e à torcida de que poderia ser últil por mais seis meses e dar adeus de forma digna. Mas deu certo até demais. Hoje, de forma triste e irônica, paga por isso.

Logo na estreia, gol de falta. Êxtase nas casas vascaínas. Os gols, as belas atuações e a postura de liderança tornaram Juninho, de novo, referência no elenco vascaíno. O acerto pelo renovação chegou. Coerente, o camisa 8 propôs receber uma boa quantia por jogo disputado, mais um pequeno bônus por gols marcados. Do alto de seus 37 anos, Juninho conhece os limites que seu corpo já impõe. Dessa maneira, evitou viajar para o exterior. Preferiu se poupar dos desgastes de longas horas em aviões para estar às ordens em clássicos e jogos disputados da Libertadores em casa. E pagou pelo sucesso, pelo toque refinado, a batida perfeita na bola. Faz sempre falta à equipe. Tornou-se vítima dos cochichos de corredores, da desconfiança de quem antes gritava seu nome na arquibancada. Joga o Estadual, mas não a Libertadores. Enfrenta times pequenos e faz gols. Vê seu bônus crescer. Pura tolice.

Fosse tão interessado na parte financeira, Juninho não teria abandonado o futebol do Qatar ou tomaria novamente os rumos do chamado mundo árabe no início de 2012. Mas fez o caminho contrário. Por honrar como poucos a cruz-de-malta que leva no peito, decidiu ficar. Aos 37 anos, enfrenta desafios, não falta a treinamentos, por vezes joga o fino e compreende o amor da aquibancada. Sabe o que representa para cada torcedor que chega em São Januário pronto para assisti-lo. Em 2012, Juninho disputou 14 jogos. Recebeu apenas por um. Nem precisava mais estar ali, mas, ainda assim, ouve picuinhas, histórias de corredor e enfrenta desconfianças. Parecem não se lembrar mais de quão diferenciado Juninho é. Magoado, expôs sua chateação. O que deveria ser uma festa já ganha contornos de crise. Incoerência de um Vasco que sonhou em ter seu Reizinho de volta e, agora, insiste em tratá-lo como um simples plebeu.

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