9 de abril de 2012


Muito barulho por nada

O Vasco de Ricardo Gomes e Cristóvão Borges sempre se pautou pela decência. Dentro e fora de campo. A entrega à beira da exaustão em busca das vitórias nos gramados foi motivos de elogios tanto quanto a postura serena com que o elenco se comportava mesmo diante de adversidades. Não que o time não possa nunca se irritar ou reclamar. Por vezes é até válido. Mas não da maneira desmedida como ocorreu no clássico contra o Flamengo. Dedos apontados para o rosto do árbitro, empurra-empurra, expressões ensadecidas. Diante de tanta cólera, houve até quem perguntou o porquê do comportamento cruzmaltino. Ainda uma incógnita.

Em um jogo bem disputado, com limitações técnicas e táticas, não houve grande polêmica. Vá lá que Welinton possa ter cometido pênalti em Thiago Feltri. Mas o lance esteve longe de ser claro e a partida, aquém de qualquer decisão. Há também quem lembre os pênaltis não assinalados contra o mesmo Flamengo por Péricles Bassols no Brasileiro do ano passado. Alhos com bugalhos. Tamanha reação retardada não se justificaria ainda assim. Entre destemperos, o Vasco trilha perigoso caminho que deveria já ter deixado para trás, sem saudade.

Afinal, uma das razões para a eleição de Roberto Dinamite ao cargo de presidente do Vasco foi justamente romper com a figura retrógada de Eurico Miranda. Mas logo ao final do clássico, à beira do gramado, Dinamite euricou. Expressão de fúria, reclamação aos microfones, acusações de roubo. Aos poucos, a nova administração vascaína traz o Vasco para a simpatia do torcedor de futebol. A rivalidade, claro, ainda existe. Mas o ranço presente com a ditadura euriquista começa a dar lugar à admiração por um clube que, ainda que com seus defeitos, melhora a olhos vistos. Quem sabe com sua voz pausada, sua postura serena, Cristóvão Borges, agora auxiliado nos bastidores por Ricardo Gomes, indique que o caminho trilhado não é indicado. Desta vez, o Vasco visitou o triste passado. E fez muito barulho por nada.

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