24 de maio de 2012



A confiança de Cristóvão

Em um belo e raro gesto, os jogadores vascaínos aguardaram Cristóvão atravessar todo o campo. Vários escudos humanos estavam ali, à sua volta. Da arquibancada, o insensato grito de burro. Sentimento ingrato de um torcedor que não compreende quão importante foi o ex-auxiliar para manter o Trem Bala nos trilhos, sem alarde, sem desespero. Cristóvão, sereno como sempre, preferiu não atacar.

Do alto de sua elegância, reflexo certeiro de seu parceiro Ricardo Gomes, não motivou briga. Sabe que os resultados estão em cima da mesa. Tem ciência de que ainda está começando e, diante do gesto dos jogadores, teve a certeza de que as vaias são absolutamente injustas. É difícil tocar o barco em um caldeirão que despertou novamente para os títulos há um ano. Os vascaínos querem mais.

Em seu curto currículo, Cristóvão tem mais história para contar do que muitos medalhões que afloram pelas áreas técnicas Brasil agora. Sob seu comando, o Vasco lutou até a última rodada pelo Campeonato Brasileiro de 2011. Na Copa Sul-Americana, só não se aventurou mais longe porque as pernas dos jogadores, exauridos diante de tantas batalhas seguidas, não permitiram. No Carioca, chegou a duas finais de turno. Na Libertadores, se aproxima das quartas de final. Difícil entender a ira vascaína com o treinador. Com a voz pausada, em tom mediano, Cristóvão demonstra confiança em si. E isso já basta. 

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