4 de julho de 2014


O tamanho de um ídolo

Ayrton Senna morreu em 1994 e arrebatou multidões pelo mundo e pelas ruas brasileiras. Morreu no ofício, ao volante. Chocou. Pessoas que nunca tinham visto mais de duas voltas em uma corrida de F-1 choraram. Abraçaram-se. Incomodaram-se. Um baixo astral generalizado invadiu o país. Aquela resignação quase palpável invadiu o ar. Ali, viu-se o tamanho de Senna. O tamanho de um ídolo. 20 anos depois, fenômeno semelhante se repete. De forma bem menos dramática, claro. Mas, ainda assim, de forma arrebatadora. 

Neymar, o garoto do sorriso fácil e craque da Seleção Brasileira, não morreu. Longe disso, graças. Mas a lesão nas costas causada pela pancada desleal de Zuñiga mostrou o tamanho do camisa 10. Aos 22 anos, Neymar já tem aquele quê de Senna. A referência do esporte nacional. Aquele que o povo brasileiro insiste em considerar como um dos seus. Aquele que se abraça por nada, por quem se chora, por quem se sente feliz. O drama de Neymar virou um drama nacional. Basta olhar nas ruas. Basta sentir.

Talvez o fato dele ter crescido aos olhos do público e ter se tornado realidade, a esperança brasileira na Copa, tenha contribuído para isso. Mas tão logo foi confirmada a lesão do atacante e a classificação brasileira para as semifinais da Copa foi praticamente esquecida. O astral abaixou. Confissões de tristeza por Neymar, abatimento pela sua saída, invadiram o dia a dia. 

O garoto é carismático, levou um mundo às costas. Carregou a pressão dessa pátria que calça as chuteiras a cada quatro anos. E, agora, na reta final, acabou golpeado. Neymar não está só. Pelo contrário. O carinho por ele parece ter aumentado. Em meio à gravidade de sua saída precoce da Copa do Mundo, o Brasil mostrou, de maneira inconsciente, o tamanho do ídolo que Neymar, aos 22 anos, ja é. 

Foto: Fifa.com

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