18 de setembro de 2016



                                     
                                          
O tal de Zé

"O tal do Zé". Era mais do que comum ouvir a frase assim que o técnico deixou o comando do time sub-20 do Flamengo para assumir os profissionais diante do problema de saúde de Muricy Ramalho. Zé Ricardo assumiu sob a tradicional desconfiança de quem nunca treinou um time principal. Levava na bagagem bons trabalhos nas categorias de base, o adjetivo de "moderno" e a expectativa de transformar em time um elenco com bons valores. Fez mais. Não apenas organizou um time de futebol. Zé Ricardo mudou o perfil do Flamengo em campo. 

Bobagem? Voltemos no tempo quase um ano. Era o Flamengo de Oswaldo de Oliveira, de bons valores como Cirino, Alan Patrick, Everton. Mas havia o tal Bonde da Stella. A alternância entre jogos bons e ruins. Um Flamengo que deixava o torcedor sem saber o que esperar. Que cheirava, às vezes, a descompromisso. Andemos novamente no tempo e retornemos ao presente. Na vitória de 2 a 0 sobre o Figueirense no Pacaembu, neste domingo. A melhor atuação do time rubro-negro, talvez, em anos. 

Ampla troca de passes, de pé em pé, o jogo que girava diante de um adversário que, sabidamente, se fecharia para tentar tirar o Flamengo do sério. Não tirou. O Flamengo de Zé Ricardo não sai do sério. Encaixado, troca passes pelo meio, busca o jogo pelas pontas, preza o bom jogo. Sabe quando atacar, sabe quando defender. É um padrão. São jogadores determinados a cumprir o que lhes é encomendado em treinos e no vestiário. Outro perfil. Mais profissional, mais competitivo. Mais do que as vitórias, o espírito do time de Zé Ricardo é o que gera mais admiração. O Flamengo pode perder, claro. Mas perderá de forma organizada, para um adversário que terá méritos. Culpa do Zé. Um técnico que espelha o seu time. 

É difícil vê-lo sorrindo. Parece tão concentrado no que fazer na área técnica e no que dizer em entrevistas que não sobra espaço para uma descontração. Seriedade em pessoa. Obviamente que a característica é absorvida pelo elenco. Um grupo que foi reforçado. Zé ganhou Damião, Diego, Donatti, Rever, Rafael Vaz. Não só isso explica o belo trabalho. Não por ter um elenco mais qualificado. Mas por organizá-lo e torná-lo eficiente. E recuperar jogadores. Pará joga o fino sob a batuta de Zé. Gabriel transformou-se em jogador útil, ciente de sua função. Fernandinho, vejam, foi decisivo por três jogos consecutivos. E não entrou no quarto. Outro acerto de Zé Ricardo. 

Não bastam a boas ideias e o entendimento tático. É preciso saber controlar egos e insatisfações. Imagine para Juan, duas Copas do Mundo no currículo, ficar fora para Rafael Vaz? Guerrero, artilheiro da seleção peruana e reforço badalado, segurar um banco para Leandro Damião? Mancuello, querido pela torcida e contratado para jogar, entender que nem sempre é hora de estar no campo? Pois Zé Ricardo, sem grife, conseguiu. Vendeu a ideia de grupo. Não se vê um jogador emburrado no banco, um veneno escorrendo em rodinhas e parando em jornais ou sites. Há o que parece ser uma alegria genuína de, enfim, ver resultados em um elenco que foi justamente criticado durante o ano. É um senhor mérito de Zé Ricardo. Um técnico em plena maturação. 

Desde que estreou contra a Ponte Preta na quarta rodada do Brasileiro, ele tenta afinar o padrão do seu time. Já jogou mal e conseguiu a vitória. Por vezes jogou bem melhor do que o adversário em grande parte do jogo e deixou o campo derrotado, como diante do Corinthians. É um processo de maturação. O tempo para trabalho tão decantado por cronistas e que ganha corpo em alguns dirigentes. O Flamengo está em ascensão. É regular, tem o seu sistema, o seu objetivo. O torcedor sabe o que esperar. O que se viu diante do Figueirense, ainda que um adversário da parte de baixo da tabela, foi de encher os olhos. 65% de posse de bola, 23 finalizações, mais de 400 passes certos. 2 a 0 foi pouco. O técnico sabe. Delicadamente, deixou isso claro na entrevista. Entende o jogo. E não utiliza o jogar para a galera. Sério. Candidato ao título, o Flamengo mudou de perfil. E deve evoluir mais. Tudo por um trabalho. De um tal de Zé. 

6 comentários:

Anônimo disse...

KKKKKKKKKKKKKKK ZERICARDOBOL

Anônimo disse...

Siga o líder kkkkkk

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Belissimo texto. Humilde paciente e o principal,entende de futebol.

Leandro Ferreira disse...

Perfeito o seu texto. Parabéns. SRN.

Marcelo Mello disse...

Otimo texto..

Zé Ricardo é foda.