5 de dezembro de 2011


Um campeão com alma

A taça do Campeonato Brasileiro repousa em local justo. Não há como tirar os méritos deste Corinthians, campeão pela quinta vez em sua história. Um penta justo. Um penta digno. Mas, acima de tudo, um penta com alma. Porque só mesmo o Vasco, segundo colocado, para rivalizar com tamanha dignidade e entrega dos corintianos durante toda a competição. O time é notoriamente limitado na defesa, tinha em Tite um técnico para lá de pragmático. Mas encarnou como poucos encarnaram o espírito corintiano. Por isso, o título veio com a cara da turma do Parque São Jorge. Suado, sofrido, em um empate a duras penas com o maior rival. Doce sabor.

Bobagem creditar a taça ao Timão a fatos extracampo, como a influência sobre arbitragens e o sassarico desenfreado de Andrés Sanches pelos corredores poderosos do futebol brasileiro. O Corinthians de 2011 foi tão prejudicado e beneficiado como qualquer outra equipe da competição. Historicamente, times com alma surgem depois de pancadas avassaladoras. O Vasco ressurgiu depois de um início de ano deprimente, de fazer envergonhar qualquer um. O Corinthians não foi diferente. Logo após a eliminação diante do modesto Tolima ainda na primeira fase da Libertadores, o time do povo foi encarnado por uma alva vencedora. Ronaldo deu adeus ao futebol, Roberto Carlos deixou o Brasil e foi abraçado ao seu povo que o Corinthians provaria mais uma vez razão de tamanha devoção Brasil afora.

Pois o time de Tite virou jogos improváveis, perdeu na conta do chá outros incríveis, mas nunca deixou de dar um carrinho na sombra. Raríssimo ter acompanhado um gol corintiano em que o time inteiro não explodisse com o alívio de quem dava mais um passo rumo ao caminho que curaria as feridas da eliminação precoce em sua maior cobiça no início do ano. Revigorado, com a alma purificada pela tradicional luta da Fiel, o Corinthians foi o campeão do povo. Foi o Timão. E já lá de cima, doutor Sócrates deve ter ficado emocionado ao observar inúmeros punhos cerrados e erguidos em sua homenagem. Era um domingo. O Corinthians foi campeão. Foi o time do povo. Mas foi, acima de tudo, um campeão com alma.

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